quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Trote: integração estudantil ou brincadeira de mau gosto?


Colunista e autora do blog Rosas Inglesas 

 

 

Quanto mais as universidades públicas e privadas se fecham para a prática do trote, mais força ela adquire. De maneira hipócrita, proíbe-se sua prática dos portões para dentro dos prédios universitários, e finge-se que nada acontece lá fora, nos semáforos, nas ruas, na cidade.

Era para ser só mais uma brincadeira, coisa de jovem, enfim, boas vindas. Acabou se tornando um ritual de iniciação que marca o ingresso à vida universitária, à independência; um merecido prêmio para quem venceu o monstro do vestibular e as pressões dos pais. E o jovem cai de cabeça nas tintas, nas bebidas, nas festas. O calouro é o centro das atenções; o veterano quer seguir a tradição e vingar o seu próprio trote do ano anterior.

Enquanto as reitorias, cheias de éticas e estatutos, fazem vistas grossas a tudo isso, a festa segue fora dos portões das faculdades, numa espécie antitética de clandestinidade escancarada. E a universidade torna-se vítima de um impasse: ao abrir as portas, anarquia; ao fechar as portas, rebelião. A escolha? Olhos fechados. Portas fechadas. E que, literalmente, o mundo exploda. Mas lá fora.

Seria essa a metáfora de uma repressão mascarada de ética? Ou seria apenas cautela demais, ou uma válvula de escape de uma solução que não existe? Afinal, a eficiência dessa referida tática é totalmente questionável, já que a prática em si não parou, só mudou de endereço. Culpados ou inocentes, não há consenso, e cada um foi para seu lado, seguindo a vida universitária como bem lhes apraz. E assim continua a brincadeira: a universidade finge que não vê, e o aluno finge que não tem nada a ver com a história.

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